Espelhos




Renato Roque publica em 1992 o livro de Fotografia e textos poéticos 'Espelhos'.

Este livro contém fotografias das exposições:

Extracto da entrevista de Reborn Bramble a Renato Roque

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R.B. - Uma outra questão! Os espelhos aparecem em quase todos os trabalhos anteriores e mais tarde também no texto ' O que resta da Arte'. Que são esses espelhos?

R.R. - É verdade, o espelho é uma das minhas palavras mágicas. Tudo começou com a exposição "Entre dois espelhos a 10º". Antes de mais 10º, porque entre dois espelhos a 10º se formam 35 imagens, ou seja, seeu me colocar à sua frente teremos no total 36 eus, precisamente o número de fotografias num rolo fotográfico. Depois esses espelhos fecham-se, até se sobreporem à meia-noite na exposição seguinte "Dez graus para a meia-noite". Seguem-se "Novos espelhos" e o livro "Espelhos". Mesmo nos trabalhos onde os espelhos não aparecem de uma forma explícita, aparecem de uma forma implícita.. Porquê? Bem, antes do mais toda a fotografia é um espelho mágico da realidade, mas adquirindo vida própria a partir do momento em que a imagem é fixada nos sais de prata. Mas, no meu caso, a palavra espelho aparece igualmente porque eu sinto que cada imagem é também um pouco de mim próprio, como se de alguma forma eu lhe passasse alguns dos meus genes ou das minhas memórias ao grão daquela imagem. Por isso, nalgumas das exposições anteriores aparecem mesmo explicitamente imagens a que eu chamo auto-retratos.

 

© Renato Roque